Alguns conceitos...

3. Tecnologia Assistiva (TA)

 

Algumas pessoas não têm condições de acessar os recursos de hardware ou software em razão de suas limitações (físicas, motoras, auditivas, visuais, intelectuais, entre outras). Como alternativa, existem soluções chamadas de Tecnologia Assistiva (TA).

No Brasil existem terminologias diferentes que aparecem como sinônimo da TA, tais como: Ajudas Técnicas, Tecnologia de Apoio, Tecnologia Adaptativa, e Adaptações (SASSAKI, 1999). Conforme conceito proposto pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República,

 

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (CAT, Ata da Reunião VII, SDH/PR, 2007).

 

Então, Tecnologia Assistiva refere-se aos equipamentos e programas que têm como finalidade mediar a interação homem-computador, possibilitando às pessoas com deficiências ou outras necessidades a realização de atividades diversas do cotidiano de forma autônoma. Lévy (1993) considerada interface homem-computador como um “[...] conjunto de programas e aparelhos materiais que permitem a comunicação entre um sistema informático e seus usuários humanos”, e englobam software leitor de tela, software de reconhecimento de voz, braille, teclados adaptados, acionadores, sistemas de comunicação alternativa e aumentativa, entre outros, que possibilitam às pessoas com necessidades especiais usarem o computador (LÉVY, 1993, p. 176).

O objetivo da TA é viabilizar maior independência, qualidade de vida e inclusão social às pessoas com deficiência, por meio da ampliação de sua comunicação, mobilidade e integração com a família, amigos e sociedade. A tecnologia pode ser considerada Assistiva no contexto educacional quando,

 

É utilizada por aluno com deficiência e tem por objetivo romper barreiras sensoriais, motoras ou cognitivas que limitam/impedem seu acesso às informações ou limitam/impedem o registro e expressão sobre os conhecimentos adquiridos por ele; quando favorecem seu acesso e participação ativa e autônoma em projetos pedagógicos; quando possibilitam a manipulação de objetos de estudos; quando percebemos que sem este recurso tecnológico a participação ativa do aluno no desafio de aprendizagem seria restrito ou inexistente (BERSCH, 2013).

 

Levando em consideração a proposta desta pesquisa, podem-se indicar algumas TA que proporcionam acesso ao computador, consequentemente acesso aos documentos digitais criados e disponibilizados pela Universidade e que possibilitarão a eliminação de barreiras, conforme (BERSCH, 2013), (BRASIL, 2016), (ITS, 2008) tais como:

Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) destinada a atender pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Exemplos: vocalizadores (pranchas com produção de voz) ou o computador com softwares específicos e pranchas dinâmicas em computadores tipo tablets, garantem eficiência à função comunicativa. Exemplo: Software Boardmaker, programa de computador que foi desenvolvido especificamente para criação de pranchas de comunicação alternativa; Pictovox, aplicativo Android desenvolvido para auxiliar pessoas com dificuldades ou limitações de comunicação.

Sintetizadores de voz (Leitores de tela) permitem a leitura de informações exibidas no monitor. Existem vários sintetizadores de voz que possibilitam ao usuário cego utilizar o computador para desempenhar diferentes tarefas, como DOSVOX (software gratuito), NVDA (software gratuito), Virtual Vision (software proprietário), Jaws (software proprietário, mas a Unipampa possui licença).

Simuladores de teclado consistem na imagem de um teclado que aparece na tela do computador e que substitui o teclado físico, para pessoas que não conseguem utilizá-lo. Esse teclado virtual pode ser utilizado por acionamento direto, com cliques do mouse sobre suas teclas, ou por meio de mecanismos automáticos de varredura. Os usuários são geralmente pessoas com comprometimento motor de moderado a severo. Exemplos: Teclado virtual do Windows, Teclado virtual gratuito.

Simuladores de mouse consistem na imagem de uma barra com botões que representam todas as funções possíveis de um mouse. Esse mouse virtual é acionado por mecanismo de varredura automática. Também existe programa de controle da seta do mouse por meio de movimentos da cabeça (ou do nariz). Os movimentos são captados por uma webcam e transformados em comando ao computador pelo software. Os usuários são geralmente pessoas com comprometimento motor severo. Exemplo: HeadDev.

Ampliadores de tela são softwares que ampliam todos os elementos da tela, determinadas áreas da tela e a região onde se encontra a seta do mouse. Geralmente, permitem que o tamanho da ampliação seja configurável, para responder às necessidades específicas de cada usuário. Os usuários são, na maioria das vezes, pessoas com baixa visão (visão sub-normal). Exemplos: lente de aumento do Windows, Lupa virtual.

Preditores de texto são softwares que fornecem uma lista de sugestões de palavras mais prováveis, após as primeiras letras serem digitadas, possibilitando a escolha da palavra desejada por meio de teclas de atalho, tornando mais rápida a digitação para pessoas com problemas motores. Podem funcionar em conjunto com editores de texto comuns ou acoplados a teclados virtuais que possuem editores de texto próprios. Os usuários são geralmente pessoas com comprometimento motor de moderado a severo, que torna a digitação de textos mais lenta ou com erros frequentes. Exemplo: Software Eugénio.

Tradutores de Libras aplicativos que fazem a tradução de texto e voz da Língua Portuguesa para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) com o objetivo de realizar a comunicação entre surdos e ouvintes. Exemplo: ProDeaf, Hand Talk.

Softwares mistos são softwares que disponibilizam funcionalidades para mais de uma necessidade. Exemplo: MicroFenix: é um software gratuito que combina a edição de mensagens pré-estabelecidas, com síntese de voz, para comunicação alternativa, e que possui também teclado virtual, simulador de mouse e outras funcionalidades, com varredura automática acionada por teclado, switches especiais e sons no microfone.

Esses são alguns exemplos de Tecnologia Assistiva, mas é importante salientar que para as pessoas terem acesso às informações contidas nos documentos digitais ou sites, estes devem ser criados tendo por base as recomendações de acessibilidade e os princípios do Desenho Universal.